Transição

No dia 12 de janeiro de 2024, a nossa igreja decidiu, por unanimidade, iniciar um processo de transição, relativamente ao modelo da sua Liderança.

O alvo é passar de um modelo em que a igreja é liderada por um Pastor (mesmo que auxiliado por uma equipa), para um modelo em que uma Equipa Pastoral plural e mista, composta por Pastores e Pastoras originários de dentro da própria igreja e reconhecidos, pela mesma, como tendo os dons para esse propósito, passa a liderar a igreja. Naturalmente, esta equipa terá um líder. Mas pretende-se que essa função (e não posição) seja exercida em rotatividade, permitindo o melhor aproveitamento dos dons de todos, bem como a equalização da responsabilidade pastoral. Por um lado, a igreja tem vindo a perceber que Deus já lhe deu os dons espirituais necessários para a sua liderança e pastoreio, a diversos membros. Por outro lado, também tem sido visível a forma como Deus tem trabalhado no “querer e no efetuar” de vários membros, motivando-os ao serviço. Além disso, partindo do pressuposto de que Deus dá e sempre dará à comunidade local os recursos (humanos e materiais) necessários para os ministérios que pretende que a mesma desenvolva, a igreja entendeu estarem reunidas as condições para iniciar esta caminhada.

Desde janeiro deste ano, a igreja decidiu suspender todas as suas atividades, para além do estritamente necessário, de modo a permitir a maior e melhor concentração neste processo de transição. Foram assim suspendidas as reuniões de oração semanais, as classes da Escola Bíblica Dominical e qualquer outro ministério. Assim, para além da Celebração Dominical (11:30), mantemos somente um tempo de debate, reflexão, oração e estudo bíblico especificamente sobre a Liderança da igreja, às 10:00h de cada domingo. Durante este tempo, que era o da Escola Bíblica Dominical, ficamos todos juntos e percorremos um roteiro de textos do Novo Testamento, para perceber o que a Bíblia manda (direta ou indiretamente), o que ela proíbe (direta e indiretamente) e o que ela permite, no âmbito da liderança cristã. É na honra do texto bíblico que pretendemos seguir, colocando de parte tanto as pressões progressistas da sociedade atual, como as pressões tradicionalistas da igreja, que se foram sedimentando ao longo dos tempos.

O primeiro texto que estamos a debater é o de Efésios 4:11-14, no qual iniciámos a abordagem do tema dos Apóstolos, para chegar às seguintes conclusões:

  • Os 12 Apóstolos escolhidos por Jesus (incluindo Matias que substituiu Judas) e Paulo foram os únicos que tiveram o que ficou conhecido como “autoridade apostólica”.
  • Os doze escolhidos por Jesus e o que substituiu Judas reuniam condições que não se voltaram a repetir, pelo que fica excluída qualquer doutrina de sucessão apostólica (Atos 1:21-22), após aqueles.
  • Paulo ainda é considerado como Apóstolo, com a mesma autoridade apostólica, na medida em que Jesus chamou-o para essa tarefa, apesar dele próprio se considerar como tendo sido chamado fora de tempo (I Coríntios 15:8-9).
  • A autoridade apostólica só continua presente, hoje, em tudo o que ficou registado nas Escrituras (Efésios 2:20), sendo esta a única autoridade na Igreja, como expressão escrita da autoridade de Cristo, o Cabeça da igreja.
  • As únicas referências (no original do Novo Testamento) à autoridade, no seio da igreja, entre os que a compõem, são as referentes à autoridade apostólica.
  • Para além dos doze e Paulo, as outras referências a apóstolos devem ser entendidas no sentido original da palavra, o qual é “mensageiro” ou “enviado”.
  • A autoridade apostólica não residia na pessoa ou num qualquer cargo que ocupasse, mas na autoridade daquele que enviava cada um deles, ou seja, de Cristo.

 

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