Ele deu à igreja…

Em Efésios 4:11, lemos sobre pessoas que Deus deu a igreja, para a sua edificação e capacitação, de forma a que ela possa desenvolver a obra do ministério que Deus lhe confia, crescendo em amor. O texto indica:

  • Apóstolos. Identificamos não só os doze que Jesus escolheu (com Matias a substituir Judas), como também Paulo, a quem Jesus apareceu e comissionou. Para além destes, que Cristo usou para lançar os alicerces da igreja (Efésios 2:20), podemos entender a designação de apóstolo, no próprio sentido da palavra, ou seja, “enviado” ou “mensageiro”. Desta forma, incluímos também todos os que são enviados para a propagação do Evangelho, como por exemplo os Missionários e, de certa forma, cada um de nós, na medida em que também somos mensageiros de Cristo.
  • Profetas. Mais do que aquele que faz declarações ou previsões sobre o futuro, o profeta é um proclamador ou comunicador da Palavra de Deus. É aquele que a prega, partilha, anuncia. Quer no Antigo, quer no Novo Testamento, esta era a grande responsabilidade do profeta: comunicar a verdade divina, para o povo do seu tempo e contexto. No fundo, é aquele a quem Deus dá dons e habilidades na comunicação simples, objetiva, clara e sábia da Sua Palavra. Num certo sentido, somos todos profetas. Cada um na sua dimensão e contexto, temos a responsabilidade de comunicar a mensagem de Deus.
  • Evangelistas. São aqueles que têm uma facilidade dada por Deus, para a comunicação das verdades do Evangelho, àqueles que ainda não o conhecem ou ainda não o receberam. Embora, aqui também, tenhamos todos a responsabilidade de partilhar, é evidente que para algumas pessoas essa tarefa sai-lhes de forma mais natural e simples. Tanto podemos estar a falar de comunicadores do Evangelho, para grandes multidões, como da partilha dessas mesmas verdades um-a-um. Muitos destes evangelistas acabam por ser missionários, muitas vezes pioneiros em locais onde o Evangelho ainda não chegou.
  • Pastores. Apesar de este ser o único texto do Novo Testamento em que o termo pastor é aplicado no contexto dos líderes da igreja, fica evidente, através de outros textos, a responsabilidade que a liderança tem de promover o pastoreio da congregação. Se este termo estiver ligado ao seguinte, como creem alguns, então uma das formas desse pastoreio acontecer é, sem dúvida, a do ensino. Mas mesmo que os dois termos se refiram a pessoas diferentes, importa deixar claro que o ensino é um dos elementos fundamentais no pastoreio. Para além disso, pastoreio envolve todas as dimensões da vida da igreja, porque, afinal, é a responsabilidade de “cuidar de pessoas”. E esta é, também, a tarefa de toda a igreja, na medida em que é chamada a pastorear-se mutuamente (mandamentos recíprocos – “uns aos outros”). Aqueles a quem Deus dá dons de pastoreio pastoreiam e conduzem toda a a igreja nessa mesma responsabilidade.
  • Mestres. Este último termo refere-se às pessoas que Deus coloca na igreja com a capacidade de ensinar. São os que não só expõem, explicam e comunicam a Palavra com clareza, mas acima de tudo ensinam como se aprende. No fundo, estes professores são capacitados por Deus para conduzir os outros num processo de investigação e descoberta das verdades bíblicas, de tal forma que o ganhem autonomia nesse mesmo processo. Alguns mestres poderão ser mais vocacionados para o ensino de grandes grupos, enquanto que outros poderão sentir-se mais à vontade no ensino de pequenos grupos ou até mesmo em situações de ensino individual.

Em resumo, este texto fala sobre pessoas que Deus dá à igreja, com dons espirituais, para o benefício, edificação e capacitação de todo o Corpo. Os termos utilizados correspondem, portanto, a funções, serviços e tarefas, em vez de cargos e títulos. Liderar a igreja não é ocupar um cargo ou deter um título. É servir e exercer um ministério que contribui para o crescimento de todos.

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